domingo, 31 de julho de 2011

CUIDADO ELES REPRESENTAM O MESMO PROJETO!!!

DIREITO ÀS CICLOVIAS

Quem vivencia as cidades brasileiras - vivendo no sentido intenso da palavra, sem se acomodar apenas com sua vidinha pessoal – conhece a importância das Bicicletas como modalidade de transporte urbano, tanto do ponto de vista da sustentabilidade ambiental como diante da precariedade dos transportes coletivos e da necessidade de redução no orçamento doméstico das extorsivas tarifas. Milhões de trabalhadores pobres brasileiros saem das suas casas nas madrugadas e alvoradas, com bicicletas velhas, sem equipamentos de proteção pessoal, levando uma pequena quantidade de alimento para todo o dia de trabalho exaustivo, sem técnicas de alongamento e submetidos a grandes distâncias que ultrapassam os limites físicos, temerosos da violência cotidiana e angustiados com a possibilidade – tantas vezes já visualizada – de acidentes, mutilações e mortes no trânsito!
O debate sobre esse tema e todas as alternativas propostas sobre o Sistema Cicloviário - como mecanismo de apropriação democrática dos espaços de circulação urbana – infelizmente não sensibiliza a muitos, pois não envolve um setor poderoso na rede de propinas e crimes contra a administração pública - como o transporte coletivo e a construção de rodovias – e nem envolve setores sociais de grande poderio político e econômico. Embora o Código de Trânsito já disponibilize em vários artigos a estruturação dos direitos e deveres desses usuários e não faltem propostas concretas a serem viabilizadas pelo poder público na garantia de acesso seguro aos principais pontos das cidades.
Pois bem... a bicicleta foi inventada em 1790 (de madeira e impulsionada com os pés, embora 4 séculos antes deste feito o Leonardo da Vinci já a tinha desenhado com pedais e correntes!), em 1898 veio ao Brasil apenas para consumo e diversão dos riquíssimos Barões do Café e apenas em 1948 começou a ser fabricada no país e se tornou popular. A "magrela" ou "bike" como é carinhosamente chamada por muitos apaixonados em nosso país – e largamente utilizada como meio eficiente de locomoção especialmente na China e Holanda – pode ser uma excelente ferramenta de mobilidade e acessibilidade eficaz e agregadora. Daí a importância de implementar os projetos de circulação (ciclovias, ciclofaixas, circulação partilhada), de sinalização (vertical, horizontal, semafórica), de estacionamento (bicicletários, paraciclos), de campanhas educativas (para ciclistas, usuários de outros veículos e pedestres) e da definição da área de abrangência (com a definição de limites extremos - interesse, necessidade, limite físico) e integração com outros meios de transporte equipados para tal. Além de alternativas viáveis como linhas de crédito para população de baixa renda na aquisição de bicicletas e equipamentos de proteção pessoal.
Em muitas cidades de Alagoas e aqui em Maceió - nos bairros do Tabuleiro, Benedito Bentes, Clima Bom, Jacintinho, Trapiche, Complexo Lagunar, etc – milhares de moradores de áreas vulneráveis socialmente, trabalhadores na informalidade - buscando desesperadamente "bico" para sustentar suas famílias com dignidade e resistindo com bravura ao mundo das facilidades e violência do tráfico de drogas – ou na construção civil e em outras áreas da economia local – às vezes até escondendo suas bicicletas para não perderem o vale-transporte, se deslocam todos os dias usando bicicletas. Exatamente por respeito profundo a esses trabalhadores, estamos em importante etapa de pactuação – em Coordenação do MP/AL (Dr. Max e Dra. Denise) – com organizações não-governamentais (Associação dos Ciclistas e Bicicletada), Sindicatos de Trabalhadores e Patronal (Construção Civil) e todas as Instituições Públicas diretamente responsáveis pelo setor. Estamos confiantes que conseguiremos garantir a implementação do Plano de Mobilidade Urbana com prioridade a formas de circulação coletivas, aos pedestres (especialmente com deficiência ou restrição de mobilidade) e aos ciclistas dentro do Sistema Viário.
Claro que muitos dirão que tudo isso é impossível e vão se contentar com seus carrões nos "pegas" de vadios filhinhos de papai ou sendo um ridículo machão brutamontes no trânsito... ou no caso dos políticos ladrões e suas súcias nada disso importa pois as propinas das ciclovias são pequenas se comparadas com as rodovias e confiam eles que os trabalhadores pobres continuarão facilmente manipulados para que eles possam continuar a reinar. Mas, "pra variar", muitos de nós continuaremos lutando, apresentando emendas ao Orçamento para garantia das ciclovias, fiscalizando e exigindo que sejam encaminhados os Projetos (prerrogativa exclusiva do Executivo) de Mobilidade... Além do óbvio em continuar de lupa na mão para evitar a canalhice política no processo de licitação do transporte coletivo e garantir as cláusulas sociais de proteção aos motoristas e cobradores dos ônibus. Ufa! Como dizia a grande e maravilhosa alagoana Nise da Silveira..."Para navegar contra a corrente são necessárias condições raras: espírito de aventura, coragem, perseverança e paixão!"
Heloísa Helena é vereadora do PSOL em Maceió (Alagoas).

terça-feira, 5 de julho de 2011

FILINHA DA SAÚDE


Frente ao posto de saúde
Tinha uma fila estendida
Era enorme infinita
Parecia uma avenida
Repleta de gente triste
E muito fula da vida.

Algumas horas mais tarde
Falando na televisão
O secretário da saúde
Falou que não tinha não
Que o sistema de saúde
Funciona com perfeição.

E eu então conclui
Que a fila é uma miragem
Que doentes não existem
Ou então é sacanagem
De gente que vai ao posto
Apenas por vadiagem.

Silvio Prado

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Vereador Kaganera

Vereador Kaganera

Venho aqui justificar
Digníssimo presidente
Porque na sexta-feira
Eu não estive presente
No recinto desta casa
Toda repleta de gente.

Todos sabem que sou
Um vereador peixotista
E minha presença aqui
Podia não ser bem vista
Provocando até revolta
Nessa ralé ativista.

Ainda bem que a justiça
Suspendeu a tal sessão
Que pedia o afastamento
E colocava a questão
De impedir o Roubertinho
De seguir em sua gestão.

Por que cassar o prefeito
Homem justo e correto
Respeitável taubateano
Só porque não foi discreto
Nas lambanças que ele fez
Roubando o povo direto?

Confesso que me dá medo
De pensar nessa besteira
E se penso logo apelo
Para o chá de erva cidreira
Reforçado com hortelã
Pra sair da tremedeira.

Por isso nobre colega
Ainda na quinta-feira
Ante a convocação
Pra sessão de sexta feira
O pavor me assaltou
E sujei a roupa inteira.

Mas depois me ocorreu
Inventar uma viagem
Onde gente da família
Morando lá em Contagem
Bateu com as dez nesse dia
Após uma derrapagem.

Me perdoe tanta mentira
Mas só fiz o necessário
Um gesto pra me salvar
E salvar o mandatário
Que comigo tem negócio
Bancado pelo erário.

Sei de outros vereadores
Donos de muita esperteza
Que inventaram internação
Para tratar com ligeireza
Dor de barriga ou gripe
Na clínica Maria Tereza.

Tudo isso a gente fez
Pra defender o prefeito
Um homem trabalhador
Que só mostrou o defeito
De colocar em seu bolso
Além do que era direito.

Se a gente não o defende
Deixando o homem na mão
Seria gesto indigno
Que não se faz a um irmão
Que se fez algo de errado
Fez com nossa permissão.

Mesmo correndo o risco
De ir também pra cadeia
Eu falo dessa tribuna
Que faço parte da teia
Que a cidade indignou
Fazendo tanta coisa feia.

Digníssimo presidente
Encerro aqui minha falação
Cumprimentando a justiça
Pela sábia intervenção
Que impediu essa casa
De revelar mais podridão.

Foi uma medida e tanto
Que me deixou aliviado
Mesmo que nessa câmara
O cl
ima tenha esquentado
Com gente já recorrendo
Do que foi sentenciado.

Acho que se assim fizerem
Será muita sacanagem
Me obrigando a recorrer
Ao parente de Contagem
Que terá de morrer de novo
Em mais uma derrapagem.


Silvio Prado, 03/07/11