terça-feira, 7 de junho de 2011

SAIA DO GABINETE

SAIA DO GABINETE

Saia do gabinete, prefeito,
E abandone a mordomia
Venha pra sala de aula
Nem que seja só um dia
Conhecer a exclusão
Marca da educação
Da nossa periferia.

Sim, saia do gabinete
E desse ar refrigerado
E do excesso de zelo
E também muito cuidado
Que lhe dá todo assessor,
Coisa que ao professor
Todo dia tem faltado.

Pois se no seu gabinete
Tem conforto e distinção,
Bem diferente é a escola
Onde a péssima construção
Tem a marca da feiúra
Da mais pobre arquitetura
Que maltrata a educação.

Venha ver o que se vê
E o que é que predomina
No espaço da escola
Onde menino e menina
Quase sempre amontoados
Em locais tão abafados
Desaprendem o que se ensina

Mesmo assim, o professor,
Esse nobre operário
Dá conta de seu recado
E faz mais que o necessário
Cumprindo a dura função
De fazer educação
Mesmo sem um bom salário.

Nessa hora em que a cidade
Questiona sua gestão,
O povo também questiona
Os rumos da educação
Que podia ser bem paga
Se aqui não houvesse a praga
Dessa tal corrupção.




Sem a farra do dinheiro
Nos cofres da prefeitura
Daria para investir
No ensino e na leitura
E também dar ao docente
Salário bom e decente
E melhorar nossa cultura.

Que tristeza de se ver
A situação da merenda
Pois mesmo tendo recurso
A comida é horrenda
E não tendo qualidade
Nem sequer diversidade
A ninguém se recomenda.

Pelo entorno da escola
Ou dentro de seu espaço
Quando explode a violência
E qualquer outro embaraço
É o professor quem resiste
E apesar do fato triste
Ele não muda seu passo.


Se não fosse o professor
Segurar esse rojão,
O que seria da escola
E da própria educação
Aqui tão abandonada
Como se ela fosse nada
E nem tivesse solução.

Portanto, caro prefeito,
Mude seu itinerário,
Passe um dia na escola
Como simples funcionário
Vendo a educação de perto
E como o mestre está certo
Em pedir melhor salário.

Silvio Prado, 03/06/11

Nenhum comentário:

Postar um comentário